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Foto do escritorRoger Caroso

Esquentando os motores | Parte 3

Atualizado: 25 de mar. de 2024

Na terceira parte desse especial do Soteropolimanos sobre a nova temporada da Fórmula 1, mudaremos o foco para a McLaren e a Alpine.


McLaren

Considerada a segunda maior equipe da história da Fórmula 1, tendo conquistado 12 títulos de pilotos, a McLaren foi fundada pelo neozelandês Bruce McLaren em meados da década de 60. Seu criador foi também o primeiro piloto, já que anteriormente à criação de seu time, ele já disputava a F1 pela Cooper, onde foi vice-campeão. Os anos iniciais foram pouco competitivos, mas em 1968 a McLaren conquistou suas primeiras vitórias, além do segundo lugar no campeonato.


Após a aposentadoria de Bruce, Denny Hulme (campeão de 1967 pela Brabham) liderou a equipe à pódios e vitórias. Contudo, o primeiro título só veio em 1974 pelas mãos de Emerson Fittipaldi, que dois anos antes já havia sido campeão pela Lotus. No ano seguinte, o brasileiro seria vice e, em seguida, deixou a escuderia. Para o seu lugar veio James Hunt, que protagonizou uma das maiores rivalidades (a maior será citada logo mais) na história da categoria, Hunt X Lauda.


O austríaco da Ferrari liderava com folga o campeonato, até sofrer um grave acidente na lendária pista de Nürburgring, na Alemanha Ocidental. O britânico da McLaren aproveitou enquanto o adversário estava se recuperando para acumular pontos. Lauda teve uma reabilitação em tempo recorde e ainda conseguiu voltar à disputa, chegando na última etapa com uma diferença de apenas 3 pontos entre os dois. Em meio a um temporal no circuito de Fuji, Lauda abandonou a corrida e disse sua clássica frase "minha vida vale mais que um título". Hunt terminou em terceiro e foi campeão por 1 ponto.


Bruce McLaren pilotando sua M7C em 1969/Reprodução: en.wikipedia.org/wiki/McLaren_M7A

Entre 1984-1991, a McLaren teve sua era mais vitoriosa. Foram campeões em sete dos oito campeonatos disputados, com: Lauda, Prost e Senna. É impossível falar da equipe e não citar a maior rivalidade da história da Fórmula 1, Senna X Prost. A dupla dividiu a equipe por apenas dois anos, mas disputaram o título 4 vezes.


Alain Prost já havia sido duas vezes campeão quando Senna chegou na equipe, mas não houve hierarquia. O brasileiro bateu de frente com o francês e disputaram o título até a última corrida, onde mesmo ficando em segundo na etapa final, Ayrton saiu triunfante. Para 1989, a relação se deteriorou, com os pilotos se tornando rivais declarados e decidindo o campeonato na penúltima corrida, numa batida entre os dois que resultou no tricampeonato do francês.


Para 1990, Prost se muda para a rival Ferrari, já sem aguentar o péssimo ambiente na McLaren. Mais uma vez decidindo o campeonato no Japão, na penúltima corrida, e novamente uma batida entre os dois. Todavia, dessa vez, a vantagem ficou com brasileiro, que se sagrou bicampeão. Na temporada seguinte, Senna nadou de braçada, bateu a Williams de Nigel Mansell e venceu seu terceiro título.

Prost e Senna disputando o GP da França de 1988/Reprodução: ge.globo.com

Após o vice para Prost em 1993, Ayrton deixou a McLaren, que entrou em um estágio de reconstrução, apostando no jovem Mika Hakkinen. Demoraram alguns anos, mas o finlandês levou os campeonatos de 1998 e 1999 em cima das Ferraris

de Michael Schumacher e Eddie Irvine.


Com o fim de 2001, Hakkinen aposentou e outro finlandês assumiu seu posto, Kimi Raikkonen de apenas 23 anos. Por mais que ele tenha vencido corridas memoráveis e disputado até o fim os títulos de 2003 e 2005, perdeu ambos. Raikkonen saiu para a Ferrari em 2007, já seu companheiro, Juan Pablo Montoya foi para a Nascar. Com os dois assentos vagos, a McLaren trouxe Fernando Alonso (que era o atual bicampeão da F1) e o jovem campeão da GP2 (antiga F2) Lewis Hamilton.


A temporada de 2007 foi marcante pela briga interna na escuderia britânica. O novato Hamilton fez o improvável e bateu de frente com o renomado Alonso, gerando uma divisão na equipe, o que deu brecha para Kimi Raikkonen roubar o título que parecia encaminhado para ficar na Inglaterra. No ano seguinte, o espanhol decidiu retornar à Renault, enquanto Hamilton ficou e, após uma árdua batalha, foi campeão batendo Felipe Massa por 1 ponto.


Alonso e Hamilton na McLaren em 2007/Reprodução: motorsport.uol.com.br

A McLaren ainda brigou na parte de cima até 2013, mas com a troca para os motores Honda na temporada seguinte, a equipe perdeu toda sua competitividade. Por mais que Fernando Alonso tivesse voltando para a equipe, não bastava, o carro não era bom o bastante. A situação só melhoraria com a chegada dos motores Renault em 2018. Em 2019, Lando Norris e Carlos Sainz formaram a nova dupla titular e trouxeram bons resultados, conquistando o 3° lugar no campeonato de 2020.


Com a ida de Sainz para a Ferrari, Daniel Ricciardo chegou prometendo ser o novo pilar da equipe. O desempenho do australiano foi muito abaixo do esperado, constantemente ficando atrás do jovem Norris. Ricciardo teve seu grande momento ao vencer o GP da Itália de 2021, primeira vitória da McLaren em 9 anos.


Em 2023, a equipe manteve Norris para continuar liderando o time em busca da volta ao topo, além da adição do campeão da F2 de 2021, Oscar Piastri, que era reserva da Alpine. Durante os testes, o carro aparentou não ter capacidade de brigar no topo. Os velhos problemas de confiabilidade parecem novamente assombrar o time de Woking. Basta saber se terão velocidade para contornar as adversidades. O prognóstico é de buscar ser a melhor do meio do pelotão, ou seja, o 5° lugar no campeonato, mas certamente será uma batalha pra lá de acirrada.

Oscar Piastri guiando a MCL36 nos testes do Bahrein/Reprodução: mclaren.com

Alpine

A Alpine só chegou na F1 em 2021, mas a fábrica e as conquistas são provenientes de sua dona, a Renault, que tem extensa história na categoria. Alpine entrou na Fórmula 1 após a gigante francesa renomear sua, até então, equipe para popularizar a marca Alpine como sua divisão de corridas, mas anteriormente a escuderia Renault já havia pertencido a Benetton.


A marca italiana de roupas, Benetton, comprou a Toleman (equipe da estreia de Ayrton Senna) em 1986 e começou um projeto ambicioso de andar na frente. Dito e feito, de cara os resultados já impressionaram, com uma vitória de Gerhard Berger logo no primeiro ano. Nas temporadas seguintes, foram presença constante no pódio e vencendo corridas. Mas o caminho dos títulos só viria com a chegada daquele que se tornaria um dos maiores de todos os tempos, Michael Schumacher.


Com apenas 1 GP disputado pela Jordan, o alemão de 22 anos encantou a todos e a Benetton não tardou em assinar com o promissor piloto. Em seu primeiro ano completo com os italianos veio a primeira vitória, Bélgica 1992. Além de terminar o campeonato na 3º colocação. O melhor ainda estaria por vir. Em 1994, Schumacher venceu 6 das primeiras 7 corridas e, ao fim do ano, bateu Damon Hill por 1 ponto, conquistando seu primeiro título. Em 1995, ele repetiria a dose, mas dessa vez com uma dominância tremenda. 32 pontos de vantagem para Hill.

Schumacher vencendo o GP do Japão de 1995 em sua Benetton B195/Reprodução: ge.globo.com

1995 seria a temporada final do alemão na Benetton, pois aceitou a missão de levar a Ferrari de volta ao topo. Nos dois anos subsequentes, os italianos ainda competiam na parte de cima, mas já não era a mesma coisa. A última vitória veio pelas mãos daquele que conquistou a primeira. Gerhard Berger venceu na Alemanha em 1997, a última da equipe. Após essa temporada, até as idas ao pódio viraram raridade. Em 2000, o time foi vendido para a Renault e em 2001 competiu com seu nome original pela derradeira vez.


Para o ano de 2003, a Renault alçou seu piloto de testes para a condição de titular. Esse jovem espanhol já havia corrido uma temporada inteira pela nada competitiva Minardi sem chamar a atenção de muitos. Contudo, a montadora francesa enxergava algo que os outros não, o diamante bruto Fernando Alonso. De cara, aos 21 anos, quebrou os recordes de mais jovem: pole position, pódio e vitória. Mostrando ao mundo que a equipe possuía um futuro campeão mundial em mãos.


Alonso não decepcionou, quando sua chance chegou no ano de 2005, com o enfraquecimento da Ferrari, ele foi atrás de seu campeonato. Pilotando de forma veloz e arrojada, bateu Raikkonen da McLaren e se sagrou o campeão mais jovem da história. Ele não parou aí. Para 2006, Fernando enfrentou aquele que era considerado o maior piloto de todos os tempos, o agora heptacampeão, Michael Schumacher. Ele também não foi páreo para o espanhol, que conquistou o bicampeonato.

Alonso comemorando seu primeiro título pela Renault em 2005/Reprodução: autoracing.com.br

A partir desse momento, começam as idas e vindas de Alonso. O espanhol deixou a Renault ao fim de 2006, mas retornou em 2008. A segunda passagem não teve metade do brilho da anterior, resultando em sua saída para a Ferrari em 2010. Do lado dos franceses, as coisas mudaram de nome e cor. A Lotus adquiriu ações da equipe, que agora era preta e dourada e correndo sob a bandeira do Reino Unido. Kimi Raikkonen assumiu o carro em 2012 e não fez feio, terminando a temporada em terceiro.


Os anos de Lotus só foram bem sucedidos com o finlandes pilotando. Após deixá-los para correr na Ferrari, o nível caiu. Em 2015, a Renault recomprou sua escuderia, que voltaria a ter seu nome e representar a França a partir do ano seguinte. A volta não foi como esperado, visto que foram anos de desempenho médio, onde sequer conseguiam chegar ao pódio. Só em 2020 que a dupla Daniel Ricciardo e Esteban Ocon trouxeram o carro francês de volta às celebrações, com três pódios.


2021 marcou o ano em que novamente a Renault mudou de nome, mas agora era para uma de suas próprias marcas. Em busca de ter a Alpine como seu braço no esporte a motor, ocorreu a renomeação. O que acabou não sendo a única mudança. Ricciardo foi para a McLaren e para seu lugar veio um velho conhecido. Fernando Alonso chegou para sua terceira passagem com os franceses.

Daniel Ricciardo no pódio do GP da Estíria pela Renault em 2020/Reprodução: formula1.com

As novas cores e o novo nome trouxeram de volta algo que não viam há muito tempo, a vitória. Esteban Ocon venceu de forma heroica o GP da Hungria de 2021, sendo a primeira vitória da equipe desde Raikkonen na Austrália em 2012. Sua dupla, Alonso, ainda conquistou um pódio no GP do Catar, primeiro pódio do espanhol desde 2014. Na temporada seguinte, mesmo sem subir ao pódio, a regularidade aumentou e terminaram o campeonato na 4º colocação entre as equipes.


Entretanto, um caso curioso aconteceu em 2022, Alonso os deixa novamente, agora seguindo para a Aston Martin. Então, em seu lugar, foi anunciado o piloto reserva da Alpine, Oscar Piastri, mas o australiano não estava sabendo de nada disso e desmentiu seu anúncio. O jovem piloto já tinha assinado com a McLaren para 2023, deixando-os sem um segundo piloto. Após alguns meses, o substituto foi anunciado, Pierre Gasly, vindo da AlphaTauri, os fazendo uma equipe francesa, com motores franceses e pilotos franceses.


O ritmo da Alpine para a temporada que está se iniciando é curioso, mesmo sendo a única equipe a ter tempos piores que na pré-temporada passada, os dirigentes e pilotos se mostraram confiantes e contentes com os resultados. Tudo tende para que a escuderia fique mais um ano na briga pelo meio, o melhor que podem conseguir é terminar o campeonato em 5º, mas não podem bobear, tem muita gente de olho nessa posição.

Pierre Gasly pilotando A523 nos testes do Bahrein/Reprodução: alpine-cars.co.uk



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1 comentario


Vinicius Ramos silva
Vinicius Ramos silva
09 mar 2023

O Daniel como sempre emocionando.

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