Continuando a série especial do Soteropolimanos, hoje o foco será para a Aston Martin e Alfa Romeo.
Aston Martin
Em 2021, a histórica marca britânica retornou para o pináculo do esporte a motor após 61 anos. O projeto é liderado pelo bilionário Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll, piloto da equipe. Na realidade, se trata mais de um rebranding do que a volta efetiva da escuderia que competiu nos primórdios Mundial. Visto que se trata da renomeação da empreitada anterior do empresário canadense, a Racing Point, que por sua vez entrou na categoria após comprar os espólios da falida Force India em 2018.
Ainda como Racing Point em 2020, obtiveram grandes resultados, pole position com Stroll, uma vitória com Sérgio Pérez, além do 4º lugar no campeonato. As expectativas para a primeira temporada sob o nome de Aston Martin eram imensas, pois o tetracampeão mundial, Sebastian Vettel estava se juntando ao time de Silverstone. Contudo, altas expectativas podem gerar grandes decepções e desta forma foi para o time em 2021. O segundo lugar do alemão no Azerbaijão foi o único pódio, já que mesmo tendo terminado em 2º na Hungria, foi desqualificado por não ter combustível suficiente para a avaliação pós corrida. Apenas a 7º colocação para a equipe britânica ao fim do ano, mas ainda dá para piorar.
2022 veio e a Aston Martin ficou. As primeiras corridas foram sofríveis. Vettel, com covid-19, não disputou as duas iniciais e Nico Hulkenberg em seu lugar pouco fez, Lance Stroll também pouco competitivo. Apenas em Ímola, na quarta etapa, foi possível sair do zero. Para a segunda metade do ano, o carro sofreu atualizações e começou a apresentar melhores performances, mas isso não bastou para Vettel, que, desanimado da Fórmula 1, anunciou sua aposentadoria aos 35 anos.
Agora era necessário um substituto à altura de um piloto tão vitorioso como Vettel. Lawrence Stroll não pensou duas vezes e foi atrás do bicampeão mundial, Fernando Alonso. O espanhol vivia um imbróglio sobre sua renovação com a Alpine, então decidiu deixar os franceses para juntar-se aos britânicos. Muitos questionaram a sua decisão de abandonar uma equipe mais consolidada para um tiro no escuro com a Aston Martin, mas aparentemente, Alonso sabia de algo que só estamos descobrindo agora.
Muito se comentou nos bastidores entre-temporadas de que supostamente a Aston Martin viria forte para 2023, um conjunto aparentemente muito veloz, tendo conseguido desenvolver um carro para fazer frente à Mercedes, Ferrari e até à Red Bull. Nos testes de pré-temporada no Bahrein, Alonso anotou ótimos tempos, mostrando que talvez os rumores fossem verdadeiros e a equipe teria um grande salto de desempenho.
Usualmente, os testes de pré-temporada não costumam apontar para o real poder dos carros, gerando desconfiança sobre o bom desempenho da equipe. Porém, nesta sexta-feira, durante os treinos livres para o GP do Bahrein, quem estava em dúvida não está mais. A Aston Martin veio para brigar na parte de cima. Alonso registrou o melhor tempo do dia, já Stroll conseguiu o 6º, indicando que é melhor não subestimá-los, imagino que devam brigar pela 3º posição no campeonato.
Outro fato que vem pondo o nome da equipe na boca dos brasileiros é a participação do paranaense Felipe Drugovich. Atual campeão da F2, o jovem de 22 é atualmente o piloto reserva do time, ou seja, estará sempre pronto para pilotar caso Alonso ou Stroll estejam impossibilitados.
A oportunidade aconteceu antes do que qualquer um poderia imaginar. Lance Stroll se acidentou enquanto andava de bicicleta na semana dos testes de pré-temporada. Assim, logo de cara, Felipe teve a oportunidade de guiar este novo carro e não se saiu mal, tendo feito o 10º melhor tempo dentre todos os pilotos, mesmo sendo quem menos teve tempo para dar voltas.
Muita curiosidade foi gerada em torno da possibilidade de Drugovich correr na etapa de estreia do campeonato, mas isso dependeria do estado de saúde de Stroll. Ao que o fim de semana de corrida foi se aproximando, notícias foram chegando e o canadense foi oficialmente liberado e oficializado para pilotar seu carro. Por mais que haja ainda desconfiança se Lance está 100% ou não, ao que tudo indica ele irá para pista no domingo.
Alfa Romeo
A Alfa Romeo é uma das mais clássicas e lendárias marcas automotivas da história, tendo não apenas participado da primeira temporada da Fórmula 1, mas vencendo a primeira corrida e o Mundial de Pilotos com Nino Farina em 1950 e com Juan Manuel Fangio em 1951. Entretanto, a ligação entre a equipe atual da F1 com essa dos anos 50 para no nome. A verdadeira escuderia aqui é a Sauber, presente na categoria desde os anos 90, Alfa Romeo possui unicamente o acordo pelos naming rights que irão até o fim de 2023.
Criada e liderada pelo suíço Peter Sauber, sua equipe era presença constante nas corridas de resistência durante os anos 70 e 80, mas principalmente conhecida pela parceria com a Mercedes no Mundial de Sport-Protótipos. Foi nesse período em que começou a ser conhecida como uma formadora de talentos, tendo dado chance a pilotos como Michael Schumacher, Heinz-Harald Frentzen e Karl Wendlinger.
Na transição para a Fórmula 1, a parceria com a Mercedes continuou inicialmente, sendo a equipe de fábrica da montadora alemã. Mas foi ao fim da década de 90, já com os motores Ferrari, que outros pilotos relevantes puderam ter algumas de suas primeiras oportunidades na categoria, como: Kimi Raikkonen, Nick Heidfeld e Felipe Massa.
A era mais vitoriosa seria quando parte da equipe foi vendida para a BMW, a qual elevou exponencialmente o nível técnico do carro, finalmente conseguindo brigar na parte de cima. A dupla Robert Kubica e Nick Heidfeld foi responsável pela conquista de diversos pódios, mas o ponto alto seria a heróica vitória de Kubica no GP do Canadá. Um ano após sofrer um sério acidente na mesma pista, o polonês foi capaz de retornar a Montreal e vencer a primeira e única corrida de sua carreira e também da Sauber.
Após a BMW decidir deixar a F1, Peter Sauber resolveu recomprar a parte que havia anteriormente vendido de sua equipe e novamente sendo cliente da Ferrari no fornecimento de motores. Durante a década de 2010, a Sauber não foi tão competitiva quanto outrora, tendo seu melhor desempenho em 2012, terminando na 6º posição graças ao bom desempenho de Sérgio Pérez e Kamui Kobayashi.
Um momento de virada viria ao ano de 2018, quando foi iniciada a parceria com a Alfa Romeo e, devido aos fortes laços com a Ferrari, o jovem sensação, Charles Leclerc tornou-se titular. A partir de 2019, o nome virou unicamente Alfa Romeo Racing e Leclerc foi contratado pela Ferrari, que mandou em seu lugar o experiente Kimi Raikkonen, que após 18 anos voltou ao time. Neste período, foram pouco competitivos, por vezes o finlândes ainda mostrava seu brilho, mas o carro não o acompanhava. Ao fim de 2021, ele anunciou que estava se aposentando, dando fim a uma brilhante carreira de 20 anos e 1 título mundial.
2022 foi uma mudança geral, Valtteri Bottas da Mercedes chegou para o posto de primeiro piloto que agora estava vago. Enquanto o vice-campeão da F2, Guanyu Zhou assumiu o segundo carro e se tornou o primeiro chinês da história da categoria. O ano foi consideravelmente melhor, com Bottas pontuando constantemente na metade inicial do ano. Todavia, nem tudo foi positivo, Zhou passou por um acidente muito preocupante no GP da Inglaterra, onde foi salvo pela grande segurança dos carros atuais.
Para 2023, a equipe espera conseguir repetir a boa 6º colocação do ano passado, mas sabe que enfrentará muita dificuldade na briga direta com Haas, Alpine e McLaren. A velocidade foi mostrada nos testes, mas será necessário saber se o motor Ferrari trará a confiabilidade necessária, visto que deixou a equipe na mão em algumas oportunidades em 2022. Realisticamente falando, o sétimo posto parece viável no campeonato.
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