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BAVI | O lamento das torcidas


O último Bavi do ano terminou com um empate amargo para as duas equipes. A partida foi realizada pela 6ª rodada da Copa do Nordeste e terminou com o placar de 1x1. Osvaldo marcou para o Leão da Barra e Jacaré (que não é o da Mulekada) empatou para o Tricolor de Aço na Arena Fonte Nova.

Reprodução: Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia

Antes do jogo

Eliminado do Campeonato Baiano, o Vitória veio para o clássico após mais uma eliminação. Na última quarta-feira, o rubro negro baiano perdeu para o Nova Iguaçu pelo placar de 2x0 e deu adeus a Copa do Brasil. O resultado aumentou ainda mais a pressão no time, o que resultou em um episódio lamentável fora de campo.


Na quinta-feira, a torcida foi surpreendida pela notícia de que o presidente Fábio Mota iria renunciar de seu cargo após ele e sua família receberem ameaças de morte. Em nota, o Vitória repudiou a situação. “É injustificável qualquer tipo de ameaça e violência contra o presidente, atletas e profissionais do clube. O torcedor tem o direito de protestar, desde que isso não afete o respeito à vida, à família e à vida particular do profissional em questão”, disse o comunicado. Além disso, o clube revelou que irá tomar medidas para identificar os agressores.


Vale lembrar que, até antes da bola rolar, o rubro-negro vinha de 6 jogos sem vencer. Em uma das piores fases do clube dos últimos 40 anos, o favoritismo no clássico não estava em suas mãos.


Classificado para a segunda fase da Copa do Brasil e dono da melhor campanha do Campeonato Baiano de 2023, o Bahia se encontra em um contexto menos hostil que o rival. Porém, nem tudo são flores. O rendimento do time na Copa do Nordeste tem deixado a desejar e é motivo de preocupação para os torcedores, principalmente pelas goleadas sofridas contra Fortaleza e Sport.


Apesar das críticas aos jogadores e ao trabalho do comandante Renato Paiva, a equipe chegou ao clássico motivada pelo último jogo antes do Bavi. Na ocasião, o tricolor goleou a equipe da Jacuipense pelo placar de 4x1, mostrando a capacidade do clube em desempenhar um bom futebol.


Apita o árbitro

Para o clássico, o técnico Renato Paiva colocou o Bahia para jogar com a marcação alta, realizando pressão na saída de bola do adversário, além dos zagueiros jogarem adiantados, o chamado bloco alto. Essa é uma característica comum nos times de Paiva e inegociável para o português. Sabendo disso, Léo Condé, técnico do Vitória, armou o time justamente para aproveitar os espaços deixados pelo adversário, a partir de transições ofensivas em velocidade.

Quando começou o jogo, quem assustou foi o visitante. Pouco antes do relógio bater 2 minutos, Railan foi acionado em profundidade, cruzou para a entrada da área e Marco Antônio apareceu para acionar Thiago Lopes, que finalizou em cima do goleiro do Bahia. Apesar da boa chegada, o impedimento foi marcado.


O bom início de jogo do Vitória pode ser explicado pela estratégia de Condé, que mudou o modo de jogar do time para se beneficiar dos pontos fracos do Bahia. Foi assim que, aos 8 minutos, Tiago Lopes enxergou Osvaldo livre e fez um lançamento em profundidade para o camisa 11 abrir o placar no Bavi. Nesse momento da partida, o Bahia não conseguia colocar as ideias de Paiva em campo, já que a marcação dos visitantes dificultou a construção do jogo a partir da dupla de zaga.

Reprodução: Pietro Carpi/ Esporte Clube Vitória

Já na casa dos 25 minutos, o tricolor enfim conseguiu crescer. A capacidade física do adversário diminuiu e o Bahia aproveitou essa queda de produção dos visitantes na etapa ofensiva para mostrar que também estava no jogo. Aos 31, Matheus Bahia cabeceou em cima de Lucas Arcanjo, após cruzamento de André e aos 33, Jacaré chutou forte em jogada ensaiada para carimbar a trave direita do goleiro do Vitória.


Foi somente aos 48 minutos que o Tricolor voou. Biel tocou para Cauly passar por João Victor e encontrar Jacaré livre na segunda trave para empatar a partida e fazer a Fonte Nova explodir em comemorações. Após o gol, não deu tempo de mais nada e as equipes foram direto para os vestiários.

Reprodução: Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia

Defensivamente, o Vitória se portou em um 5-2-3, com Zeca entre os zagueiros e Railan como ala. Na frente, Osvaldo apareceu como homem central no ataque e Tréllez estava posicionado caindo pela direita. A mobilidade que o colombiano oferece ao time deve ser justamente um dos motivos da não titularidade de Léo Gamalho, que é um centroavante de menor deslocamento e não contribuiria para a estratégia que o Vitória havia montado. Ofensivamente, a equipe se estruturou em um 4-4-2, com Thiago Lopes e Railan pelos flancos na segunda linha de 4 e Osvaldo transitando entre ponta e segundo atacante.


Já o Bahia formava uma espécie de 3-4-3 na fase ofensiva, com um dos volantes (Yago ou Rezende) recuando para fazer a saída de 3 e os pontas adotando posicionamentos contrários. Deixe-me explicar. Por vezes, Biel jogava mais perto de Goulart, deixando o corredor livre para Matheus Bahia, ou recuava para receber a bola na segunda linha. Jacaré, no entanto, jogou exclusivamente pelos lados do campo, muitas vezes parecia até isolado do resto do time, mas esse comportamento permitiu que ele fosse acionado em velocidade. Destaque também para Cauly, que teve um papel muito mais livre e menos centralizado, exercendo a função de “box to box”, ou seja, atuou com bastante volume no ataque e na defesa, indo constantemente de área a área. Defensivamente, o time teve variações durante o jogo entre um 4-4-2 e um 4-5-1, com um dos pontas caindo pelo meio.


Com a volta do intervalo, as equipes mudaram de postura. Dessa vez, o Bahia quem dominou o início do segundo tempo. Durante os primeiros minutos, só deu tricolor de aço. Foram 8 minutos de pura pressão da equipe mandante, com muitas chegadas à área do seu adversário. A pressão foi boa, mas o Bahia ainda não mostrava capacidade de furar o bloqueio do Vitória.


Reprodução: Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia

Dos 8 até os 20 minutos, as equipes não conseguiram criar chances boas de gol e o jogo não passava do meio de campo, ora por falta de qualidade nas tentativas de construção das equipes, ora por jogadas sendo paradas com falta. Grande destaque para o minuto 22, que quebrou a maresia dos dois times e tornou o jogo mais interessante, mas não por muito tempo.


Os destaques individuais do clássico (apesar de não terem uma atuação estrelada) foram Jacaré e Osvaldo. O atacante tricolor foi quem conseguiu levar mais perigo ao Vitória, criando oportunidades boas de gol, como quando colocou uma bola na trave e quando empatou a partida. No lado do Leão, o ponta Osvaldo marcou e ampliou a boa fase. O atacante chegou a 6 jogos, 3 gols e 1 assistência com a camisa rubro-negra, deixando uma pulga atrás da orelha na diretoria se entrará (ou não) na lista de dispensas do elenco para o restante da temporada.


Torcida festiva, time castiga

Mesmo que todos saibam que o projeto do Bahia é a longo prazo e os resultados não virão de uma hora para outra, uma série de vexames só aumenta o imediatismo da torcida. O time chegou na Itaipava Arena Fonte Nova necessitando vencer, já que caso não, a classificação se tornaria uma missão quase impossível.

Reprodução: Felipe Oliveira/ Esporte Clube Bahia

Mais de 40 mil torcedores lotaram o estádio tricolor, fazendo uma bela festa e apoiando. Contudo, tomar pressão logo de cara e sofrer um gol aos 9 minutos é um baita balde de água fria. Por mais que o time continuasse anêmico, quem pagou pelo ingresso continuou ajudando e tentou dar ânimo ao apático elenco. O Bahia começou a dar sinais de reação, correria de um lado para o outro e lançando bolas de todos os cantos, mas sem qualquer efetividade.


Para o alento de todos presentes, Cauly (o mais lúcido em campo) cruzou rasteiro para Jacaré, que só fez chutar e deixou o torcedor extravasar o gol. Ir para o vestiário com um gol no final do primeiro tempo talvez fosse a forma de trazer vigor ao time, já que o adversário estaria abalado e teria de mudar sua postura para a segunda etapa. Todavia, na prática, não foi assim que aconteceu. O rival continuou jogando da mesma forma, enquanto o Bahia parecia ter perdido a energia que resultou no tento de empate.


O placar final foi amargo, muita desconfiança paira sobre os torcedores. ”Será que esse time consegue sequer se manter na Série A?“ É uma pergunta recorrente que só terá resposta em alguns meses, mas se a postura não mudar e novas contratações não chegarem, o projeto do Bahia pode ter um prazo ainda maior e pode perder o apoio de quem sempre esteve ao seu lado.


Gosto muito de você, Leãozinho

Fora de mais uma competição, o ânimo do torcedor vai se esvaindo a cada nova partida. Óbvio que nós não iremos parar de acompanhar e torcer pelo clube que amamos, mas toda relação de amor tem seus altos e baixos. Agora, é preciso dar um tempo para que cada um dos lados possa se recuperar.


Reprodução: Pietro Carpi/ Esporte Clube Vitória

O mais doloroso desse jogo é entender que essa foi uma boa partida do Vitória e uma das mais consistentes sob o comando de Léo Condé. Porém, o melhor do leão, hoje, não é suficiente e não agrada a ninguém. É intragável que um time profissional não consiga aguentar 45 minutos de alto rendimento em campo. O departamento físico do clube precisa de uma mudança severa. Na verdade, todos os aspectos do clube precisam mudar para que haja uma mudança de patamar.


A série B se aproxima a cada dia e a preocupação só aumenta. Muitos podem já ter jogado a toalha, mas o melhor a ser feito agora é respirar fundo. Calma, torcedor. Quantas vezes nós já não vimos um clube se recuperar de um semestre para outro? O próprio Vitória conseguiu o feito em 2015 na série B. Até a arrancada milagrosa do ano passado pode ser usada como exemplo.


Claro que não há certeza de que a façanha vá se repetir, pois muita coisa precisa e vai ser feita até o início da principal competição do ano para o time. Agora, vamos cobrar e aguardar. Apesar do início ruim neste ano, nós não podemos desistir do Vitória. Vamos honrar as palavras que cantamos em nosso hino. Seremos Vitória até morrer.


PÓS JOGO

Ao ser questionado sobre a partida, Renato Paiva mostrou-se insatisfeito com o futebol apresentado pelo Bahia. “Nós não fizemos um bom jogo. Não fomos bons nas decisões e nossa construção foi deficitária", respondeu. Contudo, indicou que o fato do Vitória ter marcado primeiro e cedo complicou muito a situação. O motivo apresentado foi que a partir disso, o time adversário começou a jogar no erro de sua equipe, se defendendo muito bem e sabendo contra-atacar, ou seja, executou bem o seu plano de jogo.


Mesmo eliminado da Copa Nordeste, Léo Condé ressaltou que o Vitória fez uma boa e competitiva partida. “A gente conseguiu fazer o que tinha proposto e poderíamos ter matado o jogo no segundo tempo. Apresentamos um espírito mais competitivo e brigamos durante o jogo todo”. O Leão, a partir de agora, só irá cumprir tabela no Nordestão, tendo agora como foco a preparação para a Série B. O técnico rubro negro acredita que se conseguir repetir esse nível de atuação, o clube terá chance de subir para a primeira divisão.


O empate no clássico não favoreceu nenhuma das equipes. Os dois times se encontram na penúltima posição de seus respectivos grupos. No lado rubro negro, o resultado sacramentou a eliminação do Vitória da Copa do Nordeste, já que a equipe possui 3 pontos e só consegue chegar a 9. Um a menos que o CRB, primeiro time na zona de classificação. Já para os tricolores, a situação não é muito distante. O Bahia ainda não está matematicamente eliminado, porém precisará ganhar os dois últimos jogos e torcer por uma combinação de resultados para ir à próxima fase.


O Tricolor de Aço volta a campo quarta-feira (08/03), às 19 horas, para enfrentar o Camboriú, pela segunda fase da Copa do Brasil. Já o Vitória enfrentará o Ceará pela 7ª rodada do Nordestão no Barradão. A partida também está marcada para quarta, mas acontecerá no horário das 21:30.


Eliminado das 3 principais competições do primeiro semestre, será possível que o Leão da Barra consiga se recuperar para a série B? Será possível que o Bahia conseguirá se classificar na Copa do Nordeste? Saberemos em breve.


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